segunda-feira, 2 de junho de 2008

Objeto-Amor

Tudo o que não tenho é teu.

sejas, onde recuo
farta-te, onde
mínguo esfomeado

vou, para que
tu sejas
sou o que não
sustento e sinto
e calo no que falo

me escondo
para tê-la avanço
quase-estou
quase-ocupo apareço
que é pra te ver erupção

canção que não canto
tensão que não faço
perdão que não ofereço
coleção de nãos
museu vazio
à tua exposição

e calo no que falo
porque é
tua a história
tua trajetória
a me atravessar

camisa-aberta
a exibir teus peitos
teus jeitos no meu encerrar

sou tua noite
o escuro
sou furo
duro e firme
pedregulho
do teu lapidar

um palco
álcool a te extrair princípios
sou princípio e precipício
a projetar teus vôos
e ecôo teu grito
paro, porque te quero alcançar

sou sono, abandono, moldura
sou preparo e disparo
tua projeção

sou o que não sou
sou promessa
peça da tua manipulação

sou isso
teu isso
tua coisa
tua rua
sou teu sou tua
folha calada
tua palavra
teus rabiscos
risco,
sou teu risco
e sigo objeto perdido
caso assunto
matéria negócio
evento mistério

tudo o que tu queres
tua dúvida, tua angústia
tua busca.

...
teu jamais encontrar

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo poema a inspirar-me isto:

Se Um pudesse ser o que se esconde n’alma;
se aceitasse ser o imoral que mora
no amor,esse veneno que devora...