segunda-feira, 30 de junho de 2008

Elogio ao encontro

Te encontro, nu, feito amantes, feito antes, antes de tudo, de toda separação. Porque quero tua inteireza e a tua compreensão. Pela distância nos sabemos, já - e basta. Sobrevivemos em um quase se acostuma. Hoje eu digo não porque é outro tempo que escreveremos juntos. Chove uma segunda-feira em que somos desprovidos de afastação. Antes te ouvi, agora quero as tuas partituras; as minhas são tuas. Nossas leituras, onde desatino, onde desafinas, minhas pausas e tua dissonância em outra experimentação. E mais. Do fogo que pensei em nunca haver em mim, lá escondidos todos os meus outros sentidos, coloco-me a tua disposição. Da terra, do que não te depreendes, tuas raízes profundas mistérios invioláveis, te quero livre em disposição. E aéreos, inspirados, abraçados sob a luz que inflama olhos e escurece nucas, nos quero meditação, em troca, permuta de corações desanestesiados, interessados nas horas. Nos quero água em movimentação. Por que aqui sabemos um tempo de ser. A gente promovido do ontem e do amanhã pintores em composição. Lançados em leituras do mundo, a estudar existências no tudo aquilo que ocupa e há. Cada nossa desimportância tensão inimigo desgosto despreso insônia, cada miséria e cada abundância, as marés, entre estarem e não. Assim me apresento: barato, pronto, desejoso de ti. Assim te espero, na maravilha de quando a gente escolhe um para onde e de que jeito olhar. Hoje te encontro minha companheira. Porque morrer são planos, e viver é questão de agoras.

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