Diz-se, do sertão
que ele é
dentro da gente
naquelas áridas
paisagens
nas paragens
e lusco-fusco
dos saberes
no vazio
das certezas
resiste.
é chama
do fogo
das escolhas
da gente
quanto podemos aí,
capoeira
de tão pouco
enxergamento?
ninguém sabe
não sabia diadorim
não sabia riobaldo
não sabia o coisa-ruim
deus? talvez menos
pobre diabo - blasfemo
pra mim
tudo parece
prosa de quando
se garra chover destinos
- nítidos -
quanda a hora precisa,
desenhada
pros passos novos
hum! aqui.
mas se a chuva
vem do céu
caberia só espera
então?
esperança?
haveria em nós
um tempo de
ave de mau-agouro?
espreita
tocaia
fé no presságio?
vai tombada
à terra
a garrafa dos
nossos demônios?
necessários
na sombra
do capim-açu
d'onde dei pra
viver escondido
pensativo
amargoso,
penso que não
talvez seja a chuva
um desabrochar
da alma
vem de dentro:
fonte permanente
ali onde
se banham
verdades claras
sei não seu moço.
faço aqui
notas breves
contas de caderneta
silêncios
jeito de ajudar
a engolir os dias
e penso que perdi
perdi por aí
um resto
de ingenuidade
que 'inda carregava
não sei pois
se é triste
o enfadonho, sabe?
penso, mas
não sei se existo
isto é certeza
pra ingleses,
estes senhores
só não tenho força
pra atirar peneiras,
tampouco
tecer poemas
a moças-vaidosas
e são tantas, tão perto.
fica então
com este escorrido
de versos
vou te desejando
ingenuidades
desimportâncias
ilusões
daí a leitura.
este livro é parte
do presente.
mas também
ontem e amanhã:
Guimarães.
sertão
e fé.
a outra
sigo sendo eu.
e tudo que
não vejo ser
é...
verdade danada.
o sertão, seu moço
é dentro da gente
[você conhece a obra de João Guimarães Rosa?]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Guimar%C3%A3es_Rosa
2 comentários:
pitada de sentido, pedacinho do profundo! Sem razão, sem utilidade, eita coisa deliciosa... Gosto demais delas, obrigada por compartilhar
Leio sua poesia e fico besta.Dano a rascunhar besteiras piquiticas querendo o mesmo sabor impossivel dos seus versos nas minhas veredas: E se o sertão é dentro não há aqui um perder-se nas veredas.
O que viceja é o encontro do poeta com ele mesmo
traduzindo às vezes o “tinhoso”- às vezes Deus.
Difícil vencer o mal
impossível vencer o bem.
Afinal, a espada é o verbo
verbo que não fere
não tange
não mata.
E não há escolha entre dois caminhos impossíveis
Veredas inveredáveis.
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