segunda-feira, 30 de junho de 2008
Elogio ao encontro
Te encontro, nu, feito amantes, feito antes, antes de tudo, de toda separação. Porque quero tua inteireza e a tua compreensão. Pela distância nos sabemos, já - e basta. Sobrevivemos em um quase se acostuma. Hoje eu digo não porque é outro tempo que escreveremos juntos. Chove uma segunda-feira em que somos desprovidos de afastação. Antes te ouvi, agora quero as tuas partituras; as minhas são tuas. Nossas leituras, onde desatino, onde desafinas, minhas pausas e tua dissonância em outra experimentação. E mais. Do fogo que pensei em nunca haver em mim, lá escondidos todos os meus outros sentidos, coloco-me a tua disposição. Da terra, do que não te depreendes, tuas raízes profundas mistérios invioláveis, te quero livre em disposição. E aéreos, inspirados, abraçados sob a luz que inflama olhos e escurece nucas, nos quero meditação, em troca, permuta de corações desanestesiados, interessados nas horas. Nos quero água em movimentação. Por que aqui sabemos um tempo de ser. A gente promovido do ontem e do amanhã pintores em composição. Lançados em leituras do mundo, a estudar existências no tudo aquilo que ocupa e há. Cada nossa desimportância tensão inimigo desgosto despreso insônia, cada miséria e cada abundância, as marés, entre estarem e não. Assim me apresento: barato, pronto, desejoso de ti. Assim te espero, na maravilha de quando a gente escolhe um para onde e de que jeito olhar. Hoje te encontro minha companheira. Porque morrer são planos, e viver é questão de agoras.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Balanço
aconteci no mar
porque um
quase-eu
se assenta
na terra
marujo a
evitar o caes
barco a ignorar
faróis
âncora desgarrada
navegar,
porque ser
é impreciso
porque um
quase-eu
se assenta
na terra
marujo a
evitar o caes
barco a ignorar
faróis
âncora desgarrada
navegar,
porque ser
é impreciso
Nega
Salve, salve realeza leitora. Meu pai, que também arrisca-se em devaneios poéticos com codinomes variados, me enviou poesia para uma moça chamada Nega. Carreguei-me de dúvidas sobre que negação é essa, esse permanente estado-de-não que alguém carrega no nome. O que a Nega nega? O fato é que a poesia aí está para suas próprias impressões...
Nega
tudo o que não foi
é tudo:
vontades contadas nos dedos
medos
e nãos
são elos,
corrente arrastada,
(im)possíveis sonhos
sujas de terra
(as mãos)
ainda sulcam,
plantam
trançam ilusões
em cabelos de espigas
Nega
tudo o que não foi
é tudo:
vontades contadas nos dedos
medos
e nãos
são elos,
corrente arrastada,
(im)possíveis sonhos
sujas de terra
(as mãos)
ainda sulcam,
plantam
trançam ilusões
em cabelos de espigas
terça-feira, 24 de junho de 2008
Alice: é você?
ali se comia ratos
alice pensava doces
ali se bebia sangue
alice sorria cores
ali se ferrava
alice sonhava
ali se matava
alice assistia
alucinado tempo
alucinante ilusão
alice alucinação
ali luciferificação
dizia-se porrada
dizia coração
dizia-se estupra
dizia uma cansão
ali se perdia
alice sensação
ali se fazia
alice alienação
aliste-se menina.
alice ali se perderia?
caralho.
demora, eu sei
toma vidas, toma tardes, toma tempo
mas não tarda alice
ali, se tocar
aliciar-se
acordar em
escolher contradição
alice pensava doces
ali se bebia sangue
alice sorria cores
ali se ferrava
alice sonhava
ali se matava
alice assistia
alucinado tempo
alucinante ilusão
alice alucinação
ali luciferificação
dizia-se porrada
dizia coração
dizia-se estupra
dizia uma cansão
ali se perdia
alice sensação
ali se fazia
alice alienação
aliste-se menina.
alice ali se perderia?
caralho.
demora, eu sei
toma vidas, toma tardes, toma tempo
mas não tarda alice
ali, se tocar
aliciar-se
acordar em
escolher contradição
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Sinthoma-poesia
Minha poesia é sinthoma
vertigem no pensamento
eu vomito frases e interrogo
onde tucanos almoçam silêncios
só as putas sabem os homens
quem a eles confessa buracos
bebe rios de oca intimidade
infinita força de quem escuta
é. mas hoje...
hoje é outra sexta-feira
ora manejo gostos perdidos
o tempo assalta ancoragens
a encher de palavras a funda
as quero composição lancinante
tudo esparrama na landa de agora
a ver se o sol faz de surra e pancada
o marulho deste texto deixado
é. mas hoje...
hoje é outro dia
de palavrear rebentos, rebentos, rebentos
vertigem no pensamento
eu vomito frases e interrogo
onde tucanos almoçam silêncios
só as putas sabem os homens
quem a eles confessa buracos
bebe rios de oca intimidade
infinita força de quem escuta
é. mas hoje...
hoje é outra sexta-feira
ora manejo gostos perdidos
o tempo assalta ancoragens
a encher de palavras a funda
as quero composição lancinante
tudo esparrama na landa de agora
a ver se o sol faz de surra e pancada
o marulho deste texto deixado
é. mas hoje...
hoje é outro dia
de palavrear rebentos, rebentos, rebentos
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terça-feira, 17 de junho de 2008
Opa-cidade
os prédios ameaçam Deus
enquanto flores
despencam em janelas cerradas
toda torre arde
como setembro
e a cidade, finalmente,
inten-cidade
cumpre-se
em rios metálicos açoreados
e destina-se em
crepúsculos cinza
futuriza-se em árvores plásticas
gente pálida
em turbilhonada existência
cidade-angústia, cidade-máquina, seca cidade
analcidade feita em desejo estético
corpo invadido
cisão política.
a pólis reinventa éticas
mastiga meus ouvidos quando
cospe palavrões em muros pixados
gente espalhada
em tanta periférica existência
tanta concentração: opacidade
minha cidade é susto
e ameaça
humana ratoeira a esconder
sorrisos tímidos
gente roída se debate
onde não há mais
nada
tudo é terra ocupada
tempo ocupado
em cabeças sem teto, sem terra, sem tento e ternura
a cidade são buracos
correria, grito, porrada
enxurrada e capital
invencível cidade
sob avermelhado céu
taquicárdicas tentativas
em fabricar sentidos
no todo dia.
[a imagem que acompanha a poesia conheço por cidade sp e foi gentilmente cedida por André Brandão: http://www.andrebrandao.com/]
enquanto flores
despencam em janelas cerradas
toda torre arde
como setembro
e a cidade, finalmente,
inten-cidade
cumpre-se
em rios metálicos açoreados
e destina-se em
crepúsculos cinza
futuriza-se em árvores plásticas
gente pálida
em turbilhonada existência
cidade-angústia, cidade-máquina, seca cidade
analcidade feita em desejo estético
corpo invadido
cisão política.
a pólis reinventa éticas
mastiga meus ouvidos quando
cospe palavrões em muros pixados
gente espalhada
em tanta periférica existência
tanta concentração: opacidade
minha cidade é susto
e ameaça
humana ratoeira a esconder
sorrisos tímidos
gente roída se debate
onde não há mais
nada
tudo é terra ocupada
tempo ocupado
em cabeças sem teto, sem terra, sem tento e ternura
a cidade são buracos
correria, grito, porrada
enxurrada e capital
invencível cidade
sob avermelhado céu
taquicárdicas tentativas
em fabricar sentidos
no todo dia.
[a imagem que acompanha a poesia conheço por cidade sp e foi gentilmente cedida por André Brandão: http://www.andrebrandao.com/]
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Para os dias comuns
toda pressa reprime
um silêncio
enquanto ponteiros
sequestram corações
o asfalto falseia
os contornos do tempo
e de solidão ninguém
se orgulha nas madrugadas
um dia é uma coleção
de vontades
braços quentes,
arremedo de útero
enquanto o cais
é um covarde viajante
toda invenção é aragem
em pulmões inférteis
toda poesia é lamento
êxtase e aparição
um silêncio
enquanto ponteiros
sequestram corações
o asfalto falseia
os contornos do tempo
e de solidão ninguém
se orgulha nas madrugadas
um dia é uma coleção
de vontades
braços quentes,
arremedo de útero
enquanto o cais
é um covarde viajante
toda invenção é aragem
em pulmões inférteis
toda poesia é lamento
êxtase e aparição
terça-feira, 10 de junho de 2008
Amor-retirante
amor retirante
existência oprimida
ajoelhada e desvalida
ressequida terra
pedaço escarrado e
rejeitado do teu
ser-latifúndio
no medonho
amargado do gosto
o silêncio forçado
amor vigiado
na espreita
do jagunço armado
capitão-do-mato
amor capturado
retirante da fé
pedreira e caminho perdido
desorizontado e tonto
tornado à tapera isolada
porque se há, no onde,
sinal minguado
da chuva chegando
como se o quase fosse
a promessa
em fazer terra nova
nova propriedade
a receber sementes
que não podem
nunca
amor retirante
acariciando os contos
do terço, amor beato
dependurado em novenas
confiado, resistente
a ser amor desenganado
amor empoeirado, deus e diabo
fundamento enforcado
doado e prometido
plantado na fome e na sede
tigela de pouca farinha
raíz arrancada viva
galho seco a deitar ilusões
amor retirante
na cabeça resto d'água
lata sofrida
oco-eterno-vazio
ninho de vento
amor enrrugado
criança envelhecida
embrutecido das horas
amor semeado em terra seca
chão maldito em tantas covas
corpo evaporado e sublimado
queimado do sol
pássaro abatido
amor apagado
nas forquilhas da vida
existência oprimida
ajoelhada e desvalida
ressequida terra
pedaço escarrado e
rejeitado do teu
ser-latifúndio
no medonho
amargado do gosto
o silêncio forçado
amor vigiado
na espreita
do jagunço armado
capitão-do-mato
amor capturado
retirante da fé
pedreira e caminho perdido
desorizontado e tonto
tornado à tapera isolada
porque se há, no onde,
sinal minguado
da chuva chegando
como se o quase fosse
a promessa
em fazer terra nova
nova propriedade
a receber sementes
que não podem
nunca
amor retirante
acariciando os contos
do terço, amor beato
dependurado em novenas
confiado, resistente
a ser amor desenganado
amor empoeirado, deus e diabo
fundamento enforcado
doado e prometido
plantado na fome e na sede
tigela de pouca farinha
raíz arrancada viva
galho seco a deitar ilusões
amor retirante
na cabeça resto d'água
lata sofrida
oco-eterno-vazio
ninho de vento
amor enrrugado
criança envelhecida
embrutecido das horas
amor semeado em terra seca
chão maldito em tantas covas
corpo evaporado e sublimado
queimado do sol
pássaro abatido
amor apagado
nas forquilhas da vida
segunda-feira, 9 de junho de 2008
homem-da-lua
Te deram veneno
meu preto
tua garganta lúdica
fez erosão
te roubaram tempos
meu preto
tua poesia túnica
vira trapo
na boca
de quem te escarra
tua pele é prêmio
e a nação
meu preto
tua nação
é também
teu tronco
a devorar teu sangue
te deitar açoites
esfinge indecifrável
entidade inviolável
esta instituição
tentam arrancar-te
Deus, meu preto
enquanto tua boca
confessa essas igrejas
dentro de ti
- eles enlouquecem
tua palavra
meu preto
e tanta gente
desligada e repartida
só daria comoção
ódio
tantas cabeças
enserpentadas
a destilar veneno
são górgonas
meu preto, são
quem te espeta é pobre
quem te devora é pouco
tanto recalque
a eclodir pancadas
tanta gritaria
te envenena, meu preto
mas, que nada
tu sabes
tuas porções
em tuas poções
habitam tantas mulheres
tanta gente
tanta diversidade
que não há remédio
meu preto
nem há veneno não
é a vida
tuas bruxas e sereias
o teu grito e tuas luas
são as ruas, meu preto
é o que te faz viver
meu preto
tua garganta lúdica
fez erosão
te roubaram tempos
meu preto
tua poesia túnica
vira trapo
na boca
de quem te escarra
tua pele é prêmio
e a nação
meu preto
tua nação
é também
teu tronco
a devorar teu sangue
te deitar açoites
esfinge indecifrável
entidade inviolável
esta instituição
tentam arrancar-te
Deus, meu preto
enquanto tua boca
confessa essas igrejas
dentro de ti
- eles enlouquecem
tua palavra
meu preto
e tanta gente
desligada e repartida
só daria comoção
ódio
tantas cabeças
enserpentadas
a destilar veneno
são górgonas
meu preto, são
quem te espeta é pobre
quem te devora é pouco
tanto recalque
a eclodir pancadas
tanta gritaria
te envenena, meu preto
mas, que nada
tu sabes
tuas porções
em tuas poções
habitam tantas mulheres
tanta gente
tanta diversidade
que não há remédio
meu preto
nem há veneno não
é a vida
tuas bruxas e sereias
o teu grito e tuas luas
são as ruas, meu preto
é o que te faz viver
sábado, 7 de junho de 2008
Por 1968
aborta
do olhar
os embriões
da tua impotência
aborta
teu medo
teus padrões e
teu silêncio
aborta
tua burguesia
teu orgulho
tua servidão
dispa-te
abra os olhares
do teu ventre
ao impossível
[a escrevo em muros virtuais, pelos 40 anos da luta]
do olhar
os embriões
da tua impotência
aborta
teu medo
teus padrões e
teu silêncio
aborta
tua burguesia
teu orgulho
tua servidão
dispa-te
abra os olhares
do teu ventre
ao impossível
[a escrevo em muros virtuais, pelos 40 anos da luta]
Meta-poesia 05
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Roseni
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Objeto-Amor
Tudo o que não tenho é teu.
sejas, onde recuo
farta-te, onde
mínguo esfomeado
vou, para que
tu sejas
sou o que não
sustento e sinto
e calo no que falo
me escondo
para tê-la avanço
quase-estou
quase-ocupo apareço
que é pra te ver erupção
canção que não canto
tensão que não faço
perdão que não ofereço
coleção de nãos
museu vazio
à tua exposição
e calo no que falo
porque é
tua a história
tua trajetória
a me atravessar
camisa-aberta
a exibir teus peitos
teus jeitos no meu encerrar
sou tua noite
o escuro
sou furo
duro e firme
pedregulho
do teu lapidar
um palco
álcool a te extrair princípios
sou princípio e precipício
a projetar teus vôos
e ecôo teu grito
paro, porque te quero alcançar
sou sono, abandono, moldura
sou preparo e disparo
tua projeção
sou o que não sou
sou promessa
peça da tua manipulação
sou isso
teu isso
tua coisa
tua rua
sou teu sou tua
folha calada
tua palavra
teus rabiscos
risco,
sou teu risco
e sigo objeto perdido
caso assunto
matéria negócio
evento mistério
tudo o que tu queres
tua dúvida, tua angústia
tua busca.
...
teu jamais encontrar
sejas, onde recuo
farta-te, onde
mínguo esfomeado
vou, para que
tu sejas
sou o que não
sustento e sinto
e calo no que falo
me escondo
para tê-la avanço
quase-estou
quase-ocupo apareço
que é pra te ver erupção
canção que não canto
tensão que não faço
perdão que não ofereço
coleção de nãos
museu vazio
à tua exposição
e calo no que falo
porque é
tua a história
tua trajetória
a me atravessar
camisa-aberta
a exibir teus peitos
teus jeitos no meu encerrar
sou tua noite
o escuro
sou furo
duro e firme
pedregulho
do teu lapidar
um palco
álcool a te extrair princípios
sou princípio e precipício
a projetar teus vôos
e ecôo teu grito
paro, porque te quero alcançar
sou sono, abandono, moldura
sou preparo e disparo
tua projeção
sou o que não sou
sou promessa
peça da tua manipulação
sou isso
teu isso
tua coisa
tua rua
sou teu sou tua
folha calada
tua palavra
teus rabiscos
risco,
sou teu risco
e sigo objeto perdido
caso assunto
matéria negócio
evento mistério
tudo o que tu queres
tua dúvida, tua angústia
tua busca.
...
teu jamais encontrar
domingo, 1 de junho de 2008
Horas
Parado. Parado. Paradas
as horas
no relógio cansado
esquecido,
como já
pouco importam as horas
ponteiros cansados carregam
o fardo, movimentar
o tempo parado
impresso em círculos
na parede, em
luzes intermitentes.
Cansados, porque já
pouco importam as horas
horas
as horas arquivadas
relógios apontadores
dos destinos de cada recorte
que não vale,
porque a vertigem da escolha
já abandonou as horas
tic, tac, tic, tac, tic, tac
é, não é, sim, não, certo, errado, desarrumado, pronto,
tic, tac, tic, tac, tic, tac...
segue um relógio de inconsistências
espaço vazio e busca.
um relógico ocupado de mim
dos segundos arrastados, eternizados
espera: tic, tac, tic, tac, tic, tac...
haveria ali um espelho a devolver minha outra metade
agora perdida, agora esquecida, distante
consumida nas chamas de si, nos seus próprios ponteiros
ponteiros parados
tempo, tempo, tempo
até ensurdecer despertado
inevitável destino da escolha já feita
tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac
fim do tempo de espera
[este poema esta em Recortes dos Dias, outro projeto, quase. Penso ter escrito com os olhos cheios de Ferreira Gullar, em algum lugar de 2005]
as horas
no relógio cansado
esquecido,
como já
pouco importam as horas
ponteiros cansados carregam
o fardo, movimentar
o tempo parado
impresso em círculos
na parede, em
luzes intermitentes.
Cansados, porque já
pouco importam as horas
horas
as horas arquivadas
relógios apontadores
dos destinos de cada recorte
que não vale,
porque a vertigem da escolha
já abandonou as horas
tic, tac, tic, tac, tic, tac
é, não é, sim, não, certo, errado, desarrumado, pronto,
tic, tac, tic, tac, tic, tac...
segue um relógio de inconsistências
espaço vazio e busca.
um relógico ocupado de mim
dos segundos arrastados, eternizados
espera: tic, tac, tic, tac, tic, tac...
haveria ali um espelho a devolver minha outra metade
agora perdida, agora esquecida, distante
consumida nas chamas de si, nos seus próprios ponteiros
ponteiros parados
tempo, tempo, tempo
até ensurdecer despertado
inevitável destino da escolha já feita
tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac
fim do tempo de espera
[este poema esta em Recortes dos Dias, outro projeto, quase. Penso ter escrito com os olhos cheios de Ferreira Gullar, em algum lugar de 2005]
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