entardece o dia em tímidos vermelhos,
meu rosto pálido curado no tempo seco
é um fruto no tronco em infinito inverno
toca um vento amarelo os olhos,
dias e noites me emprestam espíritos
quando sou nada mais do que respiro
deserto, meu corpo é uma ampulheta
cíclica, máquina-do-tempo sem fim
máquina-de-areia em uma obra infinita
caçador que aprisionou um coração
engaiolado e pulsante, memória do
dia que vai surgir na curva das horas
o rosto é também medo da serpente
pesadelo adotado da infância tribal
sedução e vaidade que é e assombra
e a tudo devoram as águas do tempo.
nao há tanto assim no largo horizonte
e minha palavra é um barco-besouro.
procuro, logo existo. Sou essa busca
soprada de escuta em escuta, olhar em olhar
entre portos que não ouso, talvez, ancorar
[tentativa de diálogo entre auto-retratos: Dali]
Nenhum comentário:
Postar um comentário