suas cabeças levam pedras
a cidade é um velho leão
atormentado em insônia. sonha
a zebra que não pode mais
a savana é a tela calada
nos labirintos gélidos museus
e toda noite é agonia quando
a força fermenta-se em medo
um muro abriu salas falantes
onde havia antes adagas cegas
e o vapor dos grilhões sublimados
também apodreceu armaduras
refluxo e mistura pelas ruas
navegações invertidas, e a
nação em desespero ao
ser descoberta; riso ao avesso
aqui, tudo o que é de pedra
já está inventado e firme
até as idéias e rebeldias
são colossos prédios, quadros, bustos
que se leva daqui, então?
não é assim descobrir?
deixar pegadas na carne
arrancar o valor em pó?
não. não vive nas contas
o conto que nos interessa
sob as saias, vozes e pressa
o reino transborda desejos
meu reino, por não ter medo
meu reino, por haver tentativa
meu reino, para que exista reino
meu reino, para que eu tenha lugar!
assim gritam seus sussuros
enquanto Madrid sustenta
muralhas e defende seu feudo,
seus flancos e a sua vertigem
porque há cabeças
que não se querem pedras
há leões em um balé surreal, assustados
surpresos com o terno abraço das zebras
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