terça-feira, 15 de julho de 2008

Nas janelas da cidade

Em qualquer janela
se dependura um adeus
enquanto os livros
são guarda-lágrimas

todo oceano é um
delírio da terra
e os pratos de sopa
teus sorrisos que afoguei

tenho uma tristeza: vos digo
um amor elástico a
percorrer meu corpo
feito um elevador vazio

assim está. escuro.
o silêncio é longe
é a cidade Chernobil
em construções paradas.
lá, a única coisa viva é o tempo

ele passa,
faz os sonhos
em poeira pálida
e me apequena

todo amor
é radioativo,
e permanente;
perco pedaços
longe de ti.
terminará?

mas os mares
trabalham lento
em dissolver a terra

em toda janela
há também espera.
e os cabelos brancos
das casas, ao vento
mediterrâneo
fazem verão
em confiança

todo vulcão é
terra que se
pensa fogo
todo barro é
já desespero

são não mais
que quases.

então
não sei bem
as esperas.
viver em estado
de hemorragia,
pulso, pulso, pulso
nem sempre é quase-bom

que toda explosão
é também
paciência:

vontade é espera
certeza é medo
silêncio é desejo
saudade é verdade
distância é promessa

e o tempo
passa.
passa pássaro
passa longe
passa à quando
passa à quase
passa agora
passa à nada

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