terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Indagação, mais nada

Do outro lado da palavra existe o quê?
o quando? o quem? o qual?

o sorriso e a angústia do pescador?
as mãos e o pânico do alpinista?
o coração que bate na sua boca?

existe o quê? se
do outro lado da palavra mora um espelho,
imagens do nada
andar vazio
o depois do incêndio.
convém?

***

a palavra não-é.

aqui escrevo sustos
impressos no meu tempo,
enquanto toda idéia é um não-saber
abro buracos em cada sentença

a palavra é minha sentença.
ela pensa, quando pensar é não-ser.
o afundar no poço de cada escolha

por quê não falo?
a palavra é arremedo, imitação, poesia.
é ponte entre mundos que não habito
onde não existo

linha de costura a nos enganar
finge cerzir o pano invisível da existência

na palavra:
sujeitos sem pátria
silêncio e labirinto

na palavra:
hei de também não existir

Um comentário:

Anônimo disse...

E fico pensando o que há no entrelugar.
No caminho da palavra para o silêncio.
Na "terceira margem do rio".