sábado, 6 de dezembro de 2008

Fui a Palavra

eu me vesti de palavra
foi pra tua boca me usar

sem o tempo de outro gosto
não fui que não ser cuspido

fui teu grito no quando do amor
o parido que furtado de ares

fui a pedra na tua fala
o pro-inferno que você fez mandar

fui o doce do teu sorriso felino
em tantas horas do teu brincar

fui tua voz transtornada
o calado no torto do teu silêncio

fui tua angústia engasgada
a estreiteza do teu sussurro

e me fui falado, bichinho,
fui teu pedaço na letra do Chico

fui o conto no teu ninar
o balbucio na madrugada

fui a tua palavra encolhida
o segredo nas tuas cirandas

e fui tua coleção de verbos
fui os teus pontos e mas

fiz um novelo na tua língua
pra ser o depois do suspiro

eu me vesti de palavra menina
pra ser pedaço da tua história

uma curva nas tuas páginas
o tanto que alguém vai narrar

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