eu me vesti de palavra
foi pra tua boca me usar
sem o tempo de outro gosto
não fui que não ser cuspido
fui teu grito no quando do amor
o parido que furtado de ares
fui a pedra na tua fala
o pro-inferno que você fez mandar
fui o doce do teu sorriso felino
em tantas horas do teu brincar
fui tua voz transtornada
o calado no torto do teu silêncio
fui tua angústia engasgada
a estreiteza do teu sussurro
e me fui falado, bichinho,
fui teu pedaço na letra do Chico
fui o conto no teu ninar
o balbucio na madrugada
fui a tua palavra encolhida
o segredo nas tuas cirandas
e fui tua coleção de verbos
fui os teus pontos e mas
fiz um novelo na tua língua
pra ser o depois do suspiro
eu me vesti de palavra menina
pra ser pedaço da tua história
uma curva nas tuas páginas
o tanto que alguém vai narrar
Nenhum comentário:
Postar um comentário