Sempre vai uma cabeça ingênua
nas longas comitivas da gente.
quando um moleque, boi-de-piranha
a sacrificar em travessia o preciso.
um açum-preto a varar na
cerca os próprios olhos.
uma raposa a roer na
armação a própria pata.
a onça a mastigar filhotes.
Chronos, chavelhudo, a
dilacerar cada cria derradeira,
essa sua tanta condenação.
a dívida não há quem pague.
o poço não há quem seque.
a foice não há quem pare.
a febre não há quem tire.
atire, outra cabeça.
sangra na curva em perambeira.
perde um pedaço, farto, parto
que é pra cursar, calado,
nova ribanceira.
Um comentário:
...e a poesia é assim, esse empalar-se nos espinhos aguçados das palavras.
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