sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ensaios sobre Setembro - III

O tempo não tem cabeça
nos ocupa e encarna
que é para saber pensar

será que a gente é o sonho do tempo?

lembro um filme que não assisti.
o homem era um delírio
era um homem sonhado
um tipo de sombra
amarrada a outra
existência - indisvencilhável.
pode uma sombra existir sem coisa?

o tempo sonhava o homem
a coisa sonhava o homem
a pedra pensava o tipo
o rótulo, a nota, o nada
tudo o sujeitava,
ele era diminuído de si:
um fantasma

o sujeito era só um caminho
sua vontade, outra decisão

curioso:
ele votava
ele comprava
ele elegia nos menus
ele escolhia profissão
ele crivava amizades
ele lia revistas
escolhia lados e amores

pensava que pensava
irritava-se até,
na tola certeza
do quem manda aqui sou eu

será que não sabia dos poderes do tempo?

2 comentários:

Tânia Crespo disse...

Roger! Gosto de passar por aqui vez em quando!
um abraço!

Anônimo disse...

É que este homem,sonhado pelo tempo,descobriu que o tempo nao existe e deixou de ser um sonho.Aprendeu, com Santo Agostinho, que o tempo = nada, era apenas o nada entre um nada e outro(presente, entre o passado e o futuro), três abstrações do pensamento humano. O homem queria apenas ser real e a realidade só é possivel fora do tempo.