Eu não conheci
a orgia dos padres
não roubei vinho
em sacristia
ou adormeci ao som
sufocado dos coroinhas
eu não atravessei
bêbado a fronteira
dos corpos amontoados
não fiz promessas
no vazio do ventre
das multidões
eu escolhi dia de chuva
para começar sapatos novos
joguei bola no morro a cima
deixei de fora o dinheiro
quando dei em comprar sentidos
eu não escalei palanques
fiz um arquivo morto de gravatas
recolhi, para perguntar das frestas
e descansei em dias de sol
agora, atravessei a rua
que levo tatuada no corpo
que é pra visitar
o outro lado de mim; e vou.
tenho lentes nos olhos
que são pra filtrar
o que desbota os dias
e procuro...
do teu medo
eu nunca fugi
tenho asas magras,
de alguma serventia
quero.
não espero
viver na tua boca
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