quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Rosa

Não esqueci Rosa
rabisco aguçado
do raso querer
e do tanto saber
deste ó-em-pó, povo

Nem desfisguei-a
ou a desli, no fundo
de meus raros juízos

Não esqueci Rosa
palavra-de-costura
em todo vão e rasgo
onde se aninha a
política deste uai
jeitão-de-gente

Nem o apaguei,
ou encabrunhei meu
gosto em filosofá-lo

Não esqueci Rosa
passarão-de-grito
carta de esgarçar
segredos que a gente
só escondeu de si

Nem acomodei-a
ou dependurei seu gosto
feito réstia do que já passei

Não esqueci Rosa
dona de rasgar picadas
por onde todo macho
já havia deitado um fracaço
em cachaça de esquecimento

Nem eu o encerrei, ou
prateleirei o guizo do
bicho que os nós acorda

Não esqueci Rosa
esse corpo de dizer anzóis
e enganchar todo furto
da prontidão que o peão
merece pra não arriar

Nem eu a perdi, ou
a verti num último gole
da água que chorei acabar

Nem não deixei poeiras
enganarem os tempos
no que destilamos ordens

Nem me fiz inquieto
Nem me mordi de incômodos
Nem me passei de Minas

Não apaguei
não desmedi
não desliguei
nem devolvi
os fardos lautos
de sabidos destinos

Não, nem nada, nonada,
eu ancorei aqui.
nem Guimarães partiu
nem me esqueci Roseni

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Muerte

Se cambió la muerte,
de un vaso roto
a un tipo oscuro de piel

que la use, así, como nada
en cada noche muda
desde que tomaste
el barco de luces
que te partió de mi.

Se cambió la muerte,
en un ocaso de mi cuerpo opaco
memoria olvidada de su risa
en un corazón sin sonido y ritmo

que no tuve entonces como
una mano a remar mi sangre
pero si un camión-mezclador
a tornarme hierra
sombra de existencia.

Poes sí, se cambió la muerte.
De un lejano destino de los hombres
en mí compañera de desayuno
- vacíos ojos rojos,
a preguntarme porque vivía

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Segunda-Feira

eu vivi numa
segunda-feira
quando o vampiro
do tempo
permiti atravessar
de um cheiro de
coisa esquecida

aí desfiz as
trouchas de pedras
que pesavam meu peito,
e irmanei o vôo arisco
e sem-lá dos bem-te-vis

eu vivi em tempo
naquele dia qualquer
quando fiz
saber que meus versos
são inquilinos de mim

aí eu desenhei
espaços e colori em
verde, vermelho e será
os destinos que n'outro
dia ainda escarrava o
senhorio que não conhecia

eu vivi num
sopro breve
daquela firme estação
de um ano que
escolheu por não
mais ter fim

aí eu desfiz as
malas dos fios já
grisalhos da barba
que teima me
acompanhar no ermo
renovado do meu corpo

e vivi num som
acelerado de outra
vida que se fez chegar

no arco de uma dor
que não fez mais curva
a culminar encontros

e nas caixas que esvaziei

tudo porque era
segunda-feira no quadro
azul da minha janela,
e porque nela,
eu resolvi morar