quarta-feira, 6 de maio de 2009

Palavra em Andrade

preferia ver de costas
onde fazia um silêncio de gente
e abraçolhar a marola dos
morros que ali ajaziam

e todo santo dia rezava
uma cachaça ardida no argumentar
que a vida é um conto
tortelongo demais, sem os capítulos

tao, dizia um verbo coxo:
que de todas as mortes
viver é a que mais trabalho enquer
e só há nela margens de sim e não

do amor descolara a ilusão de sã
"- hoje qualquer boca diz que ama
quando nos altares cupidos
só convive pressa seca em desengano

eu havi naquelas horas de cada
manhã louvada em bom dia; digo:
e a serventia dos vivos era o
apego à palavra que prometia eus

que nada vazio existia nas bocas
e se um corpo pecava aos nós,
era conta de um derrame de
certezas no fogaréu das missões"

agora já não pesava a certo
o prumo das suas vontades,
e os óculos eram sempre a
desculpa para não maisver adiantes

ia em abandono do tempo verbal
a sublimar grito em sonolência
e misturava-se nada e tanto na
tormenta diária que nele escrevia

às preferências do tempo
soçobrou o Colombo que houve em si,
para conferir-se em praia onde
uns tantos lhe rabiscavam chãos

e de tanto experimentar-se poeta
nas manhãs de domingo
acordava palavra carla, rima
infinita a vulcanear moços sorrisos

e sempre um caminho, voz:
"viver é sempre uma estrada
atravessada das pedras
que a gente mesmo pariu"

2 comentários:

Anônimo disse...

Demais por lindo.
Escreva mais. Meu olhar de madrada sente falta de ler.
sua poesia tem cara e tom e madrugasdas, dos dias que virão com força.
Cris Barreto

Anônimo disse...

Querido Rogerio,
Tua poesia está crescendo com você, como você. Silenciosa, perene, verdadeira. Tenho acompanhado teu trabalho aqui de quando em quando e ficado muito feliz em vê-la.
Um beijo,
Marina