às sextas-feiras
no rudimento dos
areãos prumos
bom mesmo é
demitir o tempo,
dos tais relógios
sonear a pressa
em fazer vez
de tanto-faz
terça-feira, 28 de abril de 2009
domingo, 26 de abril de 2009
Quantos nós?
do leme ao cais
o que separa a gente
é uma vontade
as amarras não são
estorvos indecifráveis
nessas cordas vocais
tanto o querer não é
essa pombeira anzolada
nos nossos destinos
que nada. em jamais.
há um golpe soprado
do elísio na direção das
tuas sedes maiores
e a catapulta do tempo
a empurrar tuas sinas
pelos mares do barro
quanta hora de espera
a tolerar os lampejos
das novas paisagens
quantos nós a fazer
quantos nós desatar
quem de nós navegar
o que separa a gente
é uma vontade
as amarras não são
estorvos indecifráveis
nessas cordas vocais
tanto o querer não é
essa pombeira anzolada
nos nossos destinos
que nada. em jamais.
há um golpe soprado
do elísio na direção das
tuas sedes maiores
e a catapulta do tempo
a empurrar tuas sinas
pelos mares do barro
quanta hora de espera
a tolerar os lampejos
das novas paisagens
quantos nós a fazer
quantos nós desatar
quem de nós navegar
sábado, 25 de abril de 2009
Todo Setembro - II
à parte do fardo
a poesia leva ao
tempo os rebentos
da minha terra
o sotaque que
tem meu espanto
é esta ração cortada
a tradução do toco
os tais meus maiores
silêncios nos fogos
da artilharia
à parte dos olhos
estonteados
a devorar em
vontade aquilo
que no talvez
só seja o que
se espera da
minha boca
sigo em invenção
de eus não nos
horrores da guerra
porque o enxergar
das trincheiras é,
dos quaisquer
desesperos,
a pior cegueira
dos homens
a poesia leva ao
tempo os rebentos
da minha terra
o sotaque que
tem meu espanto
é esta ração cortada
a tradução do toco
os tais meus maiores
silêncios nos fogos
da artilharia
à parte dos olhos
estonteados
a devorar em
vontade aquilo
que no talvez
só seja o que
se espera da
minha boca
sigo em invenção
de eus não nos
horrores da guerra
porque o enxergar
das trincheiras é,
dos quaisquer
desesperos,
a pior cegueira
dos homens
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Nico (das infâncias)
o meninico,
feito toda criança,
ia como espelho aberto
entre gritos
iluminar os quartos
escuros da casa
ia a dizer que as
estrelas dormiam nuas
e que a lua, assustada
passava em claro
a noite escura
que era pra não perder-se
das esperanças do sol
tanto medo
[em nada de festas
em nada de danças
em nada de forças]
ia a tombar os copos
de leite preparados
no então do que ele bebia,
sempre a cumprir
missão de ser grande
ia a caminhar torto e lento,
gordo, sob um véu de
príncipe que diziam reto
infalível nas todas direções
herdeiro, ia a vomitar palavras
e se afogar em números do
castelo de letras e contas em
que desenhavam seu busto
ia tímido e estranho,
feio até como os normais,
no palco infinito em que lhe
lançavam dançarino, talento,
infinito desejo de toda gente
ia a perder-se nas noites
em que lhe esperavam festas
bailes e moças-de-pinturas
ia cocho e bobo no dorso
de Branco, enredado e mudo
atordoado nos seus
desconhecidos destinos
ia menino. e só.
nicota ia menino
quando lhe esperavam Rei
ia quieto
quando lhe queriam salmos
ia sujo, escondido,
quando lhe exigiam brilho
capa e fantasias
[essas, deles as mais infinitas
essas, deles que agora suas,
e um tempo de quebranças]
ia espelho,
e também Estado vazio
quando lhe desenhavam
povo e poderes
ia espelho
porque ia fardo
farto de tudo
o que não lhe era
vísceras, ecos
torto de ser um
boneco-de-si
entre as verdades
nico, que queria
pouco do poço apagado
das suas nascentes,
um pouco.
devia de ser outras coisas:
ser uma gente tranquila
desmontada dos outros
destinos,
e ser um brinquedinho próprio
procópio entre seus mundos
sempre eleger caminhos
escolher os pratos
cometer os medos
dizer silêncios
nico,
nico não queria espelhos
doídos
nem nunca revelar segredos
desvios destinos
de quem lhe
fizera existir
feito toda criança,
ia como espelho aberto
entre gritos
iluminar os quartos
escuros da casa
ia a dizer que as
estrelas dormiam nuas
e que a lua, assustada
passava em claro
a noite escura
que era pra não perder-se
das esperanças do sol
tanto medo
[em nada de festas
em nada de danças
em nada de forças]
ia a tombar os copos
de leite preparados
no então do que ele bebia,
sempre a cumprir
missão de ser grande
ia a caminhar torto e lento,
gordo, sob um véu de
príncipe que diziam reto
infalível nas todas direções
herdeiro, ia a vomitar palavras
e se afogar em números do
castelo de letras e contas em
que desenhavam seu busto
ia tímido e estranho,
feio até como os normais,
no palco infinito em que lhe
lançavam dançarino, talento,
infinito desejo de toda gente
ia a perder-se nas noites
em que lhe esperavam festas
bailes e moças-de-pinturas
ia cocho e bobo no dorso
de Branco, enredado e mudo
atordoado nos seus
desconhecidos destinos
ia menino. e só.
nicota ia menino
quando lhe esperavam Rei
ia quieto
quando lhe queriam salmos
ia sujo, escondido,
quando lhe exigiam brilho
capa e fantasias
[essas, deles as mais infinitas
essas, deles que agora suas,
e um tempo de quebranças]
ia espelho,
e também Estado vazio
quando lhe desenhavam
povo e poderes
ia espelho
porque ia fardo
farto de tudo
o que não lhe era
vísceras, ecos
torto de ser um
boneco-de-si
entre as verdades
nico, que queria
pouco do poço apagado
das suas nascentes,
um pouco.
devia de ser outras coisas:
ser uma gente tranquila
desmontada dos outros
destinos,
e ser um brinquedinho próprio
procópio entre seus mundos
sempre eleger caminhos
escolher os pratos
cometer os medos
dizer silêncios
nico,
nico não queria espelhos
doídos
nem nunca revelar segredos
desvios destinos
de quem lhe
fizera existir
de-Diadorim
nosso amor veio nascer
nas gerais, nos campos
deitados sob o milagre
das flores de tudo cerrado
veio brotar da boca
amarrada de Riobaldo,
de tanto não dizer,
pra escorrer água
nas quedas do tempo
veio amanhecer nas
janelas dos ares e tinas
realizar as promessas da
boneca namoradeira, e de
toda mulher-mãe que
foi jurar penitências
veio em coragem,
a galopes abrir veredas
no infinito das terras do peito
que, feito em sertão e silêncio
a gente preferiu desalmar
em não se acostumar a pisar
veio em aviso
celeste e cadente,
veio em estouro,
contra-agouro
certeza que nem
não se quis evitar
nas gerais, nos campos
deitados sob o milagre
das flores de tudo cerrado
veio brotar da boca
amarrada de Riobaldo,
de tanto não dizer,
pra escorrer água
nas quedas do tempo
veio amanhecer nas
janelas dos ares e tinas
realizar as promessas da
boneca namoradeira, e de
toda mulher-mãe que
foi jurar penitências
veio em coragem,
a galopes abrir veredas
no infinito das terras do peito
que, feito em sertão e silêncio
a gente preferiu desalmar
em não se acostumar a pisar
veio em aviso
celeste e cadente,
veio em estouro,
contra-agouro
certeza que nem
não se quis evitar
domingo, 5 de abril de 2009
Tempos verbais
nunca fui dado
a tempos verbais
minhas impaciências
naquela lista das horas
que jamais não se conhecia
um ontem ia dentro do ontem
tantos futuros pra não nunca ser
um presente em cada porta fechada
e os dias pra perder os pedaços do tempo
que eu esticava louco feito a trama da poesia
a tempos verbais
minhas impaciências
naquela lista das horas
que jamais não se conhecia
um ontem ia dentro do ontem
tantos futuros pra não nunca ser
um presente em cada porta fechada
e os dias pra perder os pedaços do tempo
que eu esticava louco feito a trama da poesia
sábado, 4 de abril de 2009
Entre quase olhares raimundos
tu que enxergas tanto
que então, de tanto
esse enxergar tanto
vai acabar no quando
um canto de nada ver
é tanta palavra a
desenhar teus tais
desesperos
é tanta falsa certeza
a esconder teus tais
atropelos
é tanta profecia na
boca em que nada há
além do fel de um oco
que este sufoco vai se
embeber de vaidade
fazer de tudo partida
e se lançar às medalhas
que já não hão, não.
tu que enxergas tanto
e tanto desenhas nas
telas do mundo
será tu Raimundo
um menino sem rima
um poeta invertido,
seria tu, então,
rapaz sem solução?
Carlos Drumond
e essa pedra opaca
e amarga a te
entupir a visão?
ah, meu rapaz.
pior é perder-se nas horas
pior é uma dor sem demora
pior é o vasto pasto de agora
em que tu te vês, e eu sei,
essa baba que escorre na boca
dos bichos,
esse então sem caprichos
essa lata de leite virada
num onde não se pode ajuntar
ah, meu rapaz.
se tu te chamaste Raimundo
e esse mundo vasto fosse
também o teu berço
o colo da tua mãe e os
tempos deitados diante do mar
se tu te chamaste Raimundo
e eu fosse Drumond
e te removesse pedras
e erguesse as tais rimas,
então tu,
deste mundo,
não seria arrastado
e seria cuidado,
dormiria abraçado
embalado nos olhos
medrosos das moças
prendadas,
tu?
tu ganharias o mundo
da boca do
teu inimigo
e teria teu riso
tua rima
tua solução
que então, de tanto
esse enxergar tanto
vai acabar no quando
um canto de nada ver
é tanta palavra a
desenhar teus tais
desesperos
é tanta falsa certeza
a esconder teus tais
atropelos
é tanta profecia na
boca em que nada há
além do fel de um oco
que este sufoco vai se
embeber de vaidade
fazer de tudo partida
e se lançar às medalhas
que já não hão, não.
tu que enxergas tanto
e tanto desenhas nas
telas do mundo
será tu Raimundo
um menino sem rima
um poeta invertido,
seria tu, então,
rapaz sem solução?
Carlos Drumond
e essa pedra opaca
e amarga a te
entupir a visão?
ah, meu rapaz.
pior é perder-se nas horas
pior é uma dor sem demora
pior é o vasto pasto de agora
em que tu te vês, e eu sei,
essa baba que escorre na boca
dos bichos,
esse então sem caprichos
essa lata de leite virada
num onde não se pode ajuntar
ah, meu rapaz.
se tu te chamaste Raimundo
e esse mundo vasto fosse
também o teu berço
o colo da tua mãe e os
tempos deitados diante do mar
se tu te chamaste Raimundo
e eu fosse Drumond
e te removesse pedras
e erguesse as tais rimas,
então tu,
deste mundo,
não seria arrastado
e seria cuidado,
dormiria abraçado
embalado nos olhos
medrosos das moças
prendadas,
tu?
tu ganharias o mundo
da boca do
teu inimigo
e teria teu riso
tua rima
tua solução
Assinar:
Postagens (Atom)