era a placa onde
se escreveu amor
e se escreveu silêncio
medo-de-chuva
preguiça de amanhã
vontade de fazer-se
palavra magica
pir-lim-pim-pim
e ser invisível
invencível
impossível
o quarto tinha
um sol e uma lua
desaparecidos
no esconde-esconde
que nunca se acabou
[nem nunca vai]
o quarto tinha os
livros que já
não eram livros
a lua de mel
que não vingou
e fotografias
mais parecidas
a nuvens ligeiras
que o vento soprou
a frase que se perdeu
a historia que virou pó
o filme mudo
e calado
que ninguém revelou
o quarto tinha
também um moço cansado
usado por seus
esquecimentos
calejado em já
não dizer - torto dos sentidos
coxo dos desejos
um pai acovardado
machucado na
pele dos seus olhos,
em um coração mudo
aquele era um
quarto, era metade
era a beirada,
tudo, só a beirada
do que se espera
nesga do que se quer
e no canto
do quarto
do quarto
uma moça como vulto
mobília e veste
esquecida
que já não
combinava
ali
2 comentários:
Rogério,
inspiradas e belas as poesias 2009. Li e reli as novas, e achei que bastaria comentar uma, desejando feliz boas novas em 2009. Mas este seu 'um quarto' é de um brilho que reluz, certamente onde vc sequer pensou alcançar. Obrigada por emprestar. Isto se presta a mil cenas e tantos.
Cris Barreto
Olá Cris. Teu olhar sempre me alegra, tuas palavras sempre acolhem as minhas e não há nada que eu possa desejar além, ao escrever. Então, obrigado, lá das profundezas do coração. Feliz 2009 pra você, pra esta gente toda que insiste em acreditar. R
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