o mundo era naquela tarde.
eu mais queria só o abraço
no íntimo nó daquela moça
por detrás da sua tão alta
montanha de intransponíveis
eu pensava haver um rasgo
no pano das tantas certezas
em um filtro dessa querência
o amor habitar o chão possível
eu mastigava tantos suspiros
em tudo que agora eram metades:
a roça arada que não semeei
a cachaça tombada que não bebi
metade da sua boca: amargo
metade de tanto amor: o medo
temi ser o tal lobisomem de
todas as ausência: ser-só-solidão
o mundo era naquela tarde.
mas eu não tinha a rédea da lei
obedecia os termos da profecia
decalcada no ventre da minha mãe,
e cumpri desconhecidos destinos
soprado no tempo do pífano, boneco
eu me preparei vestido em carteiro,
meu querer: as correspondências.
outro mandato que me atravessa
o mundo? o mundo era naquela tarde.
enquanto escolhia lapidar meus destinos
no sempre empedrado tempo do fôlego
que já não sei se é, e posso, existe, tenho.
minha vontade um sendeiro em ásperos
minhas tendências: o coco em supuração
a fruta que deixei no arriscado dos pés
a carne rasgada que não levei ao sol
o apetite da represa que o tempo cercou
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