e o amor era tão somente
seus vestidos estampados
os frascos esparramados
sobre a pia do banheiro
as malas retornadas de
mais outra breve viagem
os livros esperando olhos
sobre os criados mudos
as telas coloridas nas
salas de estar
as fotografias de família
esperando nas paredes
os discos de vinil no
silêncio do armário
as panelas azuis entre
as marcas do domingo
os brinquedos pela casa
o sono da nossa menina
e o amor era tão somente
aquilo que abrigava a gente
o cobertor de lã e os corpos
das garrafas de Malbec
o orçamento a ser preenchido
e o longo vidro de macarrão
as chaves dependuradas e as
sóbrias garrafas de cachaça
as férias no horizonte e as
festas de aniversário
os amigos que virão no
sábado a se passar
o café na padaria e os
cachorros pela calçada
um embaraço de palavras e um
telefonema de saudade
os filmes que nos assistiram
desaparecer no fundo do sofá
e o amor era tão somente
uma coleção de pegadas
e nem era exatamente assim
mas a trama que fazia viver
2 comentários:
Gosto deste estilo ,um making of,
clicks da máquina poética.
O olhar em versos são como takes fotográficos, captando
sentimentos vivos no ambiente da sensibilidade.
Então, quantas coisas podem as palavras?
Saudações, colega blogueiro:
Belo poema, falar do cotidiano é sempre íntimo e impessoal ao mesmo tempo.
http://prefaciodonada.blogspot.com/
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