quarta-feira, 17 de março de 2010

Seriguelas

as seriguelas cheiravam quintal,
da árvore magra no
fundo da casa onde a
gente colhia jóias e
cuspia esquecimentos

o torto era só virar caroço,
desrepresar no mato
o resto de tudo que
se mastigava coisa-séria

ali a meninada juntava tardes
e rasgava juízos diante
de qualquer precisão de caçada,
corrida, bola ou jogo-de-esconde

[mas ali fazia também um querer
de outros projetos, mais terra]

e um fio de futuro
sempre pendia da
janela aberta
- já no finalzinho,
por onde um grito impreciso,
mais bobo do que bravo,
vinha sequestrar o sem-teto
de cada dia.

de tudo, o espírito
da cidade, foi o que
mais herdou

Um comentário:

Anônimo disse...

Tanto tempo sem vir aqui. E encontrei seriguelas em seu quintal. Adoráveis! As poesias e os frutos.
Cristiane Barreto