um fio de frase
corre fino, fininho
no canto de cada boca
ali se desenrola a
história que cada um
quer dizer de si
porque todo passarão
só voa mesmo quando
fala em roda que
foi capaz de pular.
fazer-se é mesmo
sina difícil, encapelada:
a gente só desenrola
quando ameaça contar
e é aí, no dito, que vão
os brincos das coisas.
um pingo de palavra
sempre embeleza um oco
que mais que o beijo,
o que faz valer a boca
é sua fome em narrar
sexta-feira, 26 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Seriguelas
as seriguelas cheiravam quintal,
da árvore magra no
fundo da casa onde a
gente colhia jóias e
cuspia esquecimentos
o torto era só virar caroço,
desrepresar no mato
o resto de tudo que
se mastigava coisa-séria
ali a meninada juntava tardes
e rasgava juízos diante
de qualquer precisão de caçada,
corrida, bola ou jogo-de-esconde
[mas ali fazia também um querer
de outros projetos, mais terra]
e um fio de futuro
sempre pendia da
janela aberta
- já no finalzinho,
por onde um grito impreciso,
mais bobo do que bravo,
vinha sequestrar o sem-teto
de cada dia.
de tudo, o espírito
da cidade, foi o que
mais herdou
da árvore magra no
fundo da casa onde a
gente colhia jóias e
cuspia esquecimentos
o torto era só virar caroço,
desrepresar no mato
o resto de tudo que
se mastigava coisa-séria
ali a meninada juntava tardes
e rasgava juízos diante
de qualquer precisão de caçada,
corrida, bola ou jogo-de-esconde
[mas ali fazia também um querer
de outros projetos, mais terra]
e um fio de futuro
sempre pendia da
janela aberta
- já no finalzinho,
por onde um grito impreciso,
mais bobo do que bravo,
vinha sequestrar o sem-teto
de cada dia.
de tudo, o espírito
da cidade, foi o que
mais herdou
terça-feira, 16 de março de 2010
Pequenas palavras de amor - I
porque
uma barriga
pode piscinar
um mar
só na razão que
uma moça
pode artesanar
o tempo
e carregar todo
o será da gente
no escuro do
seu umbigo
(...)
mas quando?
isto tudo
vinha ali,
em tempo-a-tempo,
as mensagens
(...)
todo aviso, pois
é a gente mesmo
marcado em
mandanças
este imperativo
de todo querer
pétreo que
ribanceia
dentro da gente
sempre a
exigir das mãos
o impossível
e é só.
é tudo.
uma barriga
pode piscinar
um mar
só na razão que
uma moça
pode artesanar
o tempo
e carregar todo
o será da gente
no escuro do
seu umbigo
(...)
mas quando?
isto tudo
vinha ali,
em tempo-a-tempo,
as mensagens
(...)
todo aviso, pois
é a gente mesmo
marcado em
mandanças
este imperativo
de todo querer
pétreo que
ribanceia
dentro da gente
sempre a
exigir das mãos
o impossível
e é só.
é tudo.
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