quarta-feira, 25 de março de 2009

Quando Conversa

quem vai entender
o surdo de tantas horas?

quem vai entender
o caladão daquelas festas?

quem vai entender
o tácito daqueles dias?

quem vai entender
o vazio entre tanta prosa?

quem vai entender
o nada daqueles gritos?

quem vai? porque é
precioso e preciso.

tanto difícil que é
essa pouca coisa,
a palavra

a fazer um agrado
nos escondidos
desenterrar
angústias
desnaufragar
desertos
cultivar
sentidos
revelar
os sujeitos
paridos de
cada dia
e tudo o que
eles já mais
não são

só uma
conversinha
a toa
na tolice da
sintonia
diária

coisa que não
talvez, não,
nunca se
soube andar
muito bem

quando agora

pra percorrer
um tempo de
estranhos fados
e descobrir que
não há nada
amor nenhum
além do que se
pode ver nos
cantinhos de
cada dia
na escuta de
cada tempo
no olhar em
cada gesto

e que
não há nada
amor nenhum
além do obséquio,
do cuidado e do zelo
do espírito entregue
em cada ato
bobo, bobo,
tão bobo
de um em outro:

um e outro,
a prestar atenção.

terça-feira, 24 de março de 2009

Pausas

até quando houver razões
segue calada a moça-mão
das poesias

porque as leituras não
são a desembestar
madrugadas

porque cada oco é pra
ser vivido nos seus
próprios silêncios.

o que hoje fala é a rés
dos dias que estão
por figurar

e isto é para cada um
peão perdido neste
xadrez tabuleiro

essas veredas rudes
guardam também o
tempo da florada

difícil é acreditar nas
marcas disso que é
um termo

será o arremate de
toda obra que não
se viu fazer?

sina nas rochas pedras
do peito a segar o tanto
que havia em viver?

melhor calar.
os olhos
calhar