terça-feira, 28 de outubro de 2008

Resistências

a porta é fechada.
e em toda palavra
mora um quarto escuro

o pouco das falas
não é que é a gente
mesmo. Não moça.

o silêncio é a
barriga grávida
dos nossos destinos

é um menino que
vai beber da luz e
desenganar da solidão

como em toda novena,
cada conta é um pedregulho
na aragem das mãos

cada palavra uma conta
um calo no dorso do tempo,
Parrão a me cobrar.

[madrugada na roça. escuta o eco que faz]

o silêncio é um jeito
arisco de não estar
na mira das vozes

a palavra parada
tem os olhos fechados
no esconderijo de si

e o pior cego?
aquele que tem
medo de ver

porquê o querer é
só uma bala atirada.
é sem importância.

quem manda mesmo
são outros macacos,
outras resistências

2 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo!
E ainda posso ficar com a sensação de que provoquei a escrita. Risos. E ainda tem um pedacinho, até grande, que me serviu como uma luva. bons ecos! de outras resistencias, das grandes, que por outro lado e ao memso tempo, reluta, combate ,esconde e escancara. Do que perdura e nao sai da gente.
Cris Barreto

Anônimo disse...

Viu? Que bom que a sua poesia não surpreenda,mas associe aquele que lê.Escrever, então, é mais que a sublimação do poeta. Éscrever é transferir emoções.