com a palavra a
eu rabisquei o corpo
onde o amor nunca envelheceu
e fui aos cantos
da tua pele, que era
o rasgar em versos molhados
de tangerina
aquilo que só a mim
cabia caber
com a palavra a
eu fiz meu corpo
descansado e frouxo,
que era onde tu
acampaste teus dias longos
de pesares e pó
com a palavra a
eu rabisquei
cores rubras nos
olhos de quem nos cuspia,
e provoquei vulcões,
te inundei de mim
a fazer uma casa de meninas
e corri.
riscos que o papel pedia
as ruas do nosso bairro
as provas na multidão
o jornal
os olhos
na tua direção
com a palavra a
desenhei um dia
que era para ser nosso só
e fotografar o tempo
e tê-lo
de adormecer os olhos
e de começar sem porquê
qualquer bobagem
que se queira
chamar amor