quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Desajuizado

[há tempos escrevi este samba, que hoje trago ao letrafora; aos desajuizados!]

Ela não pensa não
Quanta loucura mora no seu coração
Desvanece em madrugadas
Quando sem palavras silencia seu verão

Eu me embriago então
Pelas esquinas, malabares, multidão
Me esparramo nas calçadas
Torto e resolvido, grito em voz de batalhão

Não quero mais ciranda, simplesmente (Refrão 2x)
Cansei de entorpecer meu coração
Eu fico aqui calado e de repente
O amor vai me esquecer na solidão

Ela se perde então
Em labirintos pulsa o seu coração
Da janela escancarada
Grita o meu nome e se lança à procissão

Eu desconjuro irmão
Porque o desejo volta feito furacão
Na avenida eu disparo
Desajuizado, abraçado à ilusão

Não quero mais ciranda, simplesmente (Refrão 2x)
Cansei de entorpecer meu coração
Eu fico aqui calado e de repente
O amor vai me esquecer na solidão

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Tanto que

ali o sol dava
um grito de
escuridão

paria as noites
onde o segredo
das esquinas
mergulhava nas
covas de cada
rosto assustado

mas nunca foi ele
a desenterrar quaisquer
mentiras de si

nem suas verdades
lhe reverteram
angústias

como se só luz
estivesse deitada
nos riachos
em que a gente
costuma pescar ilusão

Diário de um torto

a mãe pariu abelhas
e aquilo que nunca
soube voar

viveu os tempos
no mato
a beliscar bichos
e assustar gente

zunia aquela caixa
na sua cabeça
que nunca foi nada
se não um
exército de tempos
a fazerem dó
os seus caminhos
e suas madrugadas

viveu seu corpo
frágil, marcado das
modas de seus ferrões

e passou liso e seco
raspado dos doces
sem nem não
conhecer rainhas