A menina é o lampejo de uma promessa.
ela nunca entendeu-se
porque seu tempo-em-ser
é sempre não mais que
a sombra de um vôo
do pássaro em fuga
a menina é um tipo de
náufrago que emerge
vez ou outra no batido
oceano de suas fronteiras
ela é o susto na montanha russa
viaja indefinida na máquina-do-tempo
arrancada de seus algarismos.
e vai ao sem-fim...
um quase, em quase
todas as horas. é aquela
que brota fátua no impreciso
tempo das tentativas
notória e pálida certeza
do desejo que haverá amanhã.
ela é sombra? não.
é por isso tudo, bela.
bailarina em existência misturada
à multidão, e seu contorno
perde-se no rosto de
tudo o que vive
viva corrente no leve
e livre manuseio da linha
a cerzir impossível,
desejo e fracasso.
moça-assustada;
não é preciso não.
é isto impossível,
o espacial abismo aos teus pés
a tua virtude
cada laço encontrado
das tuas amarras é
o ninho quando
brilha teu rosto
todo tropeço
um trapésio a te
lançar ao sublime.
cada incerteza e esquina
o decalque, teus dedos
no rosto da tua tribo
você é, porque não.
e toda tua falha
te aproxima
e me aproxima
de mim